terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cantadas ofendem

Texto ótimo de Ivan Martins para a revista Época:


"Trabalhou comigo, anos atrás, uma moça da qual eu me lembro por três motivos. O primeiro é que ela comentou uma vez, de passagem, que quando estava se sentindo por baixo gostava de passar diante de um canteiro de obras: era inevitável que ao ver as suas pernas compridas os peões dissessem coisas que a faziam sentir-se bonita. Nunca esqueci esse comentário.
Outra coisa de que eu me lembro é ouvi-la contando, chocada, que estava parada num ponto de ônibus cheio de gente quando um sujeito gritou, de dentro de um carro, que ela tinha um nariz horrível. Chegou ao trabalho chorando de humilhação.
A última coisa de que me lembro é que ela vive em Paris há anos. Da última vez que conversamos não tinha planos de voltar.
Em Paris ela pode andar de minissaia, pode sair e beber sozinha e há pouco risco de que seja abordada, elogiada ou insultada. Às vezes eu acho que ela abriu mão dos galanteios dos peões para ficar livre dos insultos. Outras vezes acho que ela descobriu que não gostava nem mesmo dos galanteios.

De qualquer forma, acho que galanteadores e agressores se parecem: cada um deles, a sua maneira, acha que tem o direito de dizer o que pensa a uma mulher estranha. Pode ser um elogio físico ou uma grosseria sexual, não importa. Em geral, trata-se daquilo que os americanos, apropriadamente, chamam de “atenção não solicitada.” Indesejada, na verdade.
Nas duas últimas semanas, desde que ocorreu a história da moça da Uniban, tenho pensado na forma como nós, homens brasileiros, tratamos as mulheres. Até que ponto aqueles tipos que xingaram a ameaçaram a moça do vestido cor de rosa se parecem com o resto de nós – atrevidos e eloquentes galanteadores brasileiros?
No início desta semana, quando discutíamos a baixaria da Uniban aqui no trabalho, uma de nossas colegas – jovem, bonita, discreta – pediu a palavra para fazer uma espécie de desabafo. “É difícil para uma mulher caminhar nas ruas de São Paulo”, ela disse. “A gente tem de andar olhando pro chão, fingindo que não escuta todas as besteiras que nos dizem”.
É isso, não é? Mulher bonita anda pela rua e vai sendo alvo de comentários em voz alta. Que cara, que bunda, que isso que aquilo. Se você, caro amigo, acha que elas gostam, pergunte. Minha amostragem sugere que a maioria detesta. Se sentem ameaçadas, intimidadas, insultadas. Querem ser deixadas em paz.
Esse assédio sobre as mulheres acontece à luz do dia, na porta do trabalho, na travessia de pedestres, dentro do ônibus. Às vezes o tom de voz do sujeito ou as coisas que ele diz amedrontam. Outras vezes dá asco ou dá vergonha. Nas baladas pode ser pior: o garanhão de calça agarradinha chega apertando o braço da moça, mexendo no cabelo, forçando a barra. Não aceita não como resposta. Mas quem deu licença a ele para dizer coisas e tocar o corpo de uma mulher desconhecida?
Nós, homens, demos licença. A cultura machista nos dá licença.
Assim como os talibãs agridem mulheres que se atrevem a andar sem burca – porque se sentem donos delas – nós dizemos o que queremos às mulheres que se atrevem a exibir sua beleza delas na rua, pela mesma razão. Se estiver acompanhada de um homem, vá la. Mas se estiver sozinha, sem dono, “causando”, vai ter de ouvir o que a gente quiser dizer. Ou pior. Pelo simples fato de que a gente pode.
Ouço dizer que isso acontece apenas em São Paulo, mas duvido. No Rio as garotas andam de biquíni na orla e de shorts em qualquer lugar, mas quando uma delas resolve fazer topless na praia, a tigrada atira areia e rosna ameaças. Passou do limite! Mas quem dá o limite do que a mulher pode ou não usar? Os talibãs da praia? Me contaram que outro dia uma adolescente com cara de estudante de moda teve de saltar de um ônibus na Avenida Paulista porque usava uma saia muito curta e foi ameaçada por uma turba. São os talibãs do ônibus.
No universo mental desses camaradas, mulher que não quer confusão se dá ao respeito: anda com as pernas cobertas, sem roupas ou adereços provocativos, discreta e modestamente. Fica no seu lugar. A rua é o espaço em que os homens fazem o que querem e as mulheres se comportam. Mulher que sai da linha ou chama atenção por ser bonita a turba trata como quer. Pergunto: há diferença filosófica entre isso e a misoginia que se pratica nos países islâmicos atrasados?
Com o risco de incorrer em exagero, acho tudo parecido com tudo. O sujeito que diz besteiras a uma moça que caminha na rua, o playboy que agarra a garota na balada, o cara que se esfrega na mulher do trem, o marginal que insulta a moça da Uniban. Tudo faz parte de um mesmo contínuo de desrespeito à mulher. Ele começa com o chato do bar, que insiste na cantada apesar de meia dúzia de nãos, e termina... Sabe-se lá onde termina.
Claro, todo comportamento social tem uma justificativa ideológica. Neste caso, a justificativa é a de que as mulheres gostam. Se você perguntar, vai ouvir dos conquistadores que, lá no fundo, elas querem ser assediadas, agarradas, elogiadas com bastante pimenta. Faz bem para o ego delas, explicam. Claro, por trás de todo grosseirão há sempre um especialista na alma feminina. Mas eu suspeito que eles estejam errados.
Minha opinião, pelo que vale, é que esse tipo de comportamento insultuoso tem de ser reprimido: socialmente e, se necessário, pela polícia. As mulheres têm direito de andar sozinhas pelas ruas, vestidas como quiserem, e serem respeitadas. E elas são o melhor juiz do que é ou não é desrespeitoso. Se o sujeito cruzou o limite, chama a polícia, avisa o segurança, pede ajuda ao dono do bar. Não faz sentido, em pleno século 21, que nossas filhas, namoradas, irmãs ou amigas tenham de andar pelo mundo com os olhos no chão porque um bando de homens não se aguenta nas calças."

IVAN MARTINS 

Editor-executivo de ÉPOCA 

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Não está satisfeito ainda?

Mais uma do The Sartorialist, da época em que ele esteve no Rio.
Imagem:  The Sartorialist

Mais?

Amo dreads! O dia em que eu cansar dos cachos juro que parto para elas.

Tá bom ou quer mais?

Linda modelo postada no blog de Garance Doré.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Rasidade

Esse post era um tópico que ia escrever nos fóruns da vida mas resolvi postar aqui.

A palavra do título é uma brincadeira e eu sei que não existe, mas já que não tem (ou eu não encontrei) palavra em português para shallowness... vamo que vamo!

Brincadeiras à parte o caso é sério.
Muito se debate acerca de usar ou não químicas nos cabelos. Eu não sou contra quem prefere usar química, mas sou contra o uso de química e tb contra o argumento "precisar usar química". Alguns preferem usar, preferem o cabelo com o efeito da química, mas precisar é outra história. Uma questão só de perspectiva. Precisar é quando algo é vital, a gente precisa de água, comida, vestimenta pra não passar frio e pra proteger a pele do sol (não um artigo da alta costura), mas precisar de uma química... até pelo contrário, não fosse pela nossa vaidade em ficar bonito nos parâmetros do que alguém decidiu que é bonito, era bem melhor até que não usássemos, porque o que não se divulga é que essas químicas inofensivas que usamos são tóxicas e que caem na corrente sanguínea.

A aparência foi uma das razões que me levaram a parar com a química, mas a fundamental mesmo foi a saúde, foi querer preservar a integridade da saúde dos meus futuros filhos, não fazer loteria com suas vidas. Acho triste que no mundo de hoje não se incentive a prática de hábitos pela saúde e sim pela beleza, exemplo, exercitar-se faz bem a saúde, ao coração e uma vida de exercícios regulares pode adicionar mais alguns anos no nosso calendário, mas tudo que se vêm em artigos sobre exercício é como aquilo vai te ajudar a perder peso. Assim vejo pessoas se entregando a artifícios muitas vezes brutais contra o corpo e colocando em risco a própria saúde, se intoxicando só pra ficar bonita. Gente aplicando cola altamente tóxica que não devia em hipótese entrar em contato com a pele pra colar orelha só pra ficar mais apresentável (se você se reconhece, não se ofenda!).
Essas escovas de tudo cheias de substâncias usadas para limpeza pesada, corrosão de superfícies e afins. Meu, soda cáustica e outras substâncias tão perigosas quanto.
Não sou contra quem usa química no cabelo, sou contra a "rasidade" de princípios de preterir a saúde a favor da aparência. Beleza é fundamental, mas estar vivo e saudável também é e uma coisa devia andar junto com a outra.

Faley.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Some hair inspiration for you

Porque a world wide web não tem fronteiras eu utilizo essa poderosa ferramenta ao máximo para buscar idéias e inspiraçöes todo dia. E numa dessa minhas andanças encontrei Laura Izibor, uma cantora irlandesa de R'n'B (na verdade, de descendência irlandesa e nigeriana).

Música suave, gostosa de ouvir e uma mulher linda pra ficar aqui de exemplo pra nós que sempre sentimos falta de ver mas mulheres espetaculares com cabelos afro naturais igualmente espetaculares.

Quer ouvir? Clique aqui!



Bisous!