sábado, 29 de setembro de 2007

A Girl Like Me

Então que eu estava na casa de uma amiga que viajou pra ajudá-la com a filhinha dela. Daí naquele momento de paz e tranqüilidade que é quando a criança dorme, resolvi ligar a televisão. Sou daqueles tipos que assistem televisão uma vez a cada seis meses só pra constatar que tudo continua o mesmo. Assim, eu até sei o que rola na telinha mas não faço idéia de quem seja o que. Tipos, Zac? Sienna? Fomos apresentados?

Tá, mas segue-se. Da Oprah eu sempre ouvi falar, mas como eu nunca tive TV a cabo (pra dizer a verdade hoje em dia nem televisão eu tenho mais - obrigada, senhor! \o/), sim, mas como eu nunca tive TV a cabo, nunca vi um programa dessa figura. Daí que nessa tarde tava lá: as letrinhas diziam que em 5 minutos começava a própria! Daí eu faço o que? Vou assistir pra ver a que se deve a fama dessa pessoa. E vi. Bem, na verdade eu não sei a que se deve porque o que me interessou mesmo foi a convidada, Kiri Davis. Kiri, uma adolescente de 17 anos, fez um documentário chamado "A Girl Like Me" que repete o teste das bonecas feito pelos psicólogos Kenneth e Mamie Clark nos anos 40, se não me falha a Wikipédia.


Infelizmente, sem legendas.


Desse mesmo programa Chadra Wilson (pelo que eu soube, uma atriz de uma série. Já disse, não me perguntem) e Tangela e seu filho de 13 anos foram convidados pra falar do tema negros/auto-estima/auto-aceitação.
Chadra, ao ser perguntada sobre as bonecas que dava para as filhas, respondeu que eram bonecas de todos os tipos: loiras, negras, asiáticas, mas que também dependia do que as filhas queriam, que por exemplo uma quer uma boneca pra brincar de pentear.
Já Tangela (nenhuma artista, somente alguém com uma história que algum produtor achou interessante) diz ter pedido a Deus para mudar a cor de seu filho, não deixá-lo nascer tão escuro quanto ela. O rapaz hoje em dia é um adolescente e tem o mesmo complexo de inferioridade que a maioria dos adolescentes, porque esse complexo não é exclusividade de quem é negro. Levanta a mão quem nunca se achou gorda demais, magra demais, alta demais, baixa demais, branca demais, com sardas demais...

Na minha humilde opinião, eu acho curioso ver uma mãe querendo que o filho não sofra por ter um tom de pele escuro (e lindo, por sinal) quando ela mesma é preconceituosa até a alma. O mesmo é ver a outra, a atriz, com os "parentes" esticadinhos e não querer que os filhos rejeitem a própria identidade. Se eu mesma faço tudo pra mudar, pra não parecer tão negra como posso querer que meu filho se olhe no espelho e se goste? E por último, eu achei paradoxo ver a Oprah com a pele "bleached" (seria clareada a palavra? sabe aquele clareamento artificial? um com creme que vai eliminando camadas da pele? esse!), então, mas ver essa senhora com esse bleaching e nariz afilado por plástica e mais as convidadas com com seus caracoizinhos cruelmente esticados dizendo pros outros não terem vergonha de serem negros. Acho contraditório demais.

Um bônus foi saber que o complexo do pessoal de olho apertadinho é não ter aquela dobrinha na pálpebra, bem perto dos olhos. Eu juro que pra mim foi uma surpresa. Eu já sabia que a cirurgia plástica número um entre asiáticos era a cirurgia nos olhos, mas não fazia idéia que era pra conseguir essa dobrinha. Pra dizer a verdade eu nem nunca tinha reparado que uns tinham e outros não. Diz aí, quantas vezes você olhou pra alguém e disse: "Uau, que dobrinha na pálpebra!"

Só pra constar, isso aqui não é uma crítica à apresentadora, até porque eu não posso criticar alguém que eu vi apenas uma vez.

2 comentários:

Brasilina disse...

Lidi ...
Tenho um "adendo" a fazer ... sou negra, consciente da minha beleza, algumas vezes "irritada" com o meu cabelo que as vezes teima em ser do jeito que eu não quero e atualmente, "interlaçada" ... mas o que me irrita nestes "rascimos velados" são aqueles comentários que as vezes também vem dos próprios negros: "aquela senhora escura passou por aqui" , t "era negro, mas era inteligente e estudado", "ela tem uma beleza exótica" e a pior de todas: "é negro, mas tem a alma branca"... Ê gente, boba! realmente incoerente querer que uma criança se aceite qdo não há o aceite e a consciÊncia de suas características e a própria sociedade impõe um padrão estético "branco".
Ai, de novo, to adorando estes seus posts ... e o pior que já é tarde e amanhã trabalho cedo! "Ê vida de nego e branco que trabalha" hahaha

Brasilina disse...

estou tão empolgada com a leitura, que nem assinei o comentário anterior ... janaina souza